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Angola

26 de Fevereiro, 2014

Projecto Terra do Futuro arranca na Nharea

Com os ventos da paz em Angola, a agricultura de subsistência está a dar lugar à agricultura mecanizada. Vários projectos agrícolas de iniciativa privada começam a dar resposta aos desafios impostos pelo Executivo nos últimos dez anos.

Por ser uma das grandes conquistas do homem desde tempos remotos, o espaço agrário permite que se pratique agricultura mecanizada em todos os pontos do país, cuja extensão territorial é de um milhão 246 mil 700 quilómetros quadrados.

Nos próximos anos, a agricultura vai dar uma outra dinâmica a economia nacional, por isso o Projecto Terras do Futuro (PTF) embarcou neste desafio há mais de dois anos.

O PTF tem como meta promover o empresariado nacional neste ramo.

Uma das suas prioridades passa por reduzir as as necessidades alimentares. Escoar os produtos do campo para as cidades também fazem parte da carteira de projectos do PTF.

Com mais de dois anos de existência, o projecto agrícola é parte do desenvolvimento da indústria nacional. Deste modo, os produtos serão transformados e como consequência os níveis de importação vão baixar.

Dentro daquilo que é a sua política de expansão agrícola no país, O PTF lançou recentemente na comuna do Dando, município da Nharea, província do Bié, a pedra para a construção de dez fazendas com 250 hectares.

A área de produção, em solo bieno, será de 50 hectares. Posteriormente chegará aos 90 com um sistema de irrigação exigido pela agricultura moderna.

O projecto financiado pelo Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA) está orçado em 31,3 milhões de dólares norte-americanos. Numa primeira fase vai produzir-se milho, soja, arroz e feijão.

Para o PTF, integra jovens formados no ramo, pois será será vantojoso. Os quadros põem em prática tudo o que aprenderam ao longo da sua formação.

No ano passado, a direcção do projecto seleccionou 18 candidatos no Instituto Médio Agrário do Andulo (IMAA).

Dos dezoito, dez candidatos foram aprovados e ainda este ano começam, em termos agrícolas, a materializar o projecto.

A presença do Projecto Terras do Futuro no município animou os moradores. Os mesmos alegam que a zona vai ganhar mais vida em vários domínios.

Para o António Luvale, a iniciativa do PTF é louvável. A província e o Dando, em particular, tem potencialidades agrícolas e se forem bem exploradas saíra a ganhar o país.

O jovem de 19 anos está ansioso em ver o projecto a funcionar em pleno, porém acredita que directa ou indirectamente poderá contribuir com alguma coisa.

“A economia e a agricultura caminham de mãos dadas, por isso a presença deste grupo no Dando vai traduzir o sonho de muitos jovens em realidade”, admite o António Luvale.

Volvidos quatro anos, o PTF localizado no Kariango, Kibala, Kwanza Sul, emprega 500 pessoas, incluindo os jovens fazendeiros. O mesmo cenário vai repetir-se no Dando.

Na comunidade, o projecto vai desenvolver parcerias com os populares. Várias cooperativas serão criadas para comprar os produtos do povo, transformar e enviar para as cidades.

Melhorar as condições de vida dos cidadãos é um dos lemas do grupo, por isso as técnicas de cultivo serão de última geração.

Nos próximos meses, o PTF vai chegar a Malanje e em Benguela, províncias com solos aráveis. A primeira conta com uma escola de agronomia na comuna do Quéssua. Na era colonial a cidade das Acácias rubras foi um dos polos industriais. Com om os ventos da reconstrução nacional, o sector agrícola e industrial estão a ser revitalizados.

Os Caminhos de Ferro de Benguela (CFB) servirãopara os escoar alguns produtos.

A PROVÍNCIA VAI DESENVOLVER
O governador da província do Bié, Boa Vida Neto, assegura que o projecto vai desenvolver a província em vários domínios e louva a iniciativa do PTF por ter chegado ao seu território.

Para o governador, o projecto na comuna do Dando garantirá empregos directos e indirectos para os jovens formados em várias áreas do saber, de modo a aperfeiçoarem as suas capacidades técnicas.

“ Agradecemos a presença do PTF no Bié. O projecto é dos jovens, por isso devem agarrá-lo, porque vai proporcionar uma nova qualidade de vida na região”, adianta o responsável.

Perante os jovens, Boa Vida Neto admite inequivocamente que a agricultura é uma das alavancas do desenvolvimento da economia, por isso a província do Bié conta com a juventude.

Por sua vez, a administradora do Dando, Lúcia Chikapa, elogiou a presença do PTF na sua jurisdição e espera que num futuro breve a comuna do Dando seja o celeiro da região.

A responsável reconhece o esforço do projecto, porém assegura que tudo farão para dar uma resposta positiva aos objectivos que o PTF na região que fica a 90 quilómetros da sede municipal .

“O PTF chegou a pouco tempo na comuna e já terraplanou mais de 62 quilómetros de estrada. Temos de reconhecer que ajudou a população a se deslocar de um sitio para o outro”, reconhece a administradora.

Lúcia Chikapa diz que o projecto é imponente e só será possível com a colaboração de todos os intervenientes, sendo que pede aos jovens para serem mais dinâmicos e fazerem do PTF seu parceiro ideal.

A administradora da Nhareia frisa que o projecto será a mola impulsionadora para desenvolver e fazer com que o Dando seja conhecido como potência agrícola no país.

BDA CONTINUARÁ A APOIAR
A representante do Banco Angolano de Desenvolvimento (BDA), Londa Nsoki, garante que continuarão a financiar o Projecto Terras do Futuro e agradecem o convite para o lançamento da primeira pedra na Nhareia.

Londa Nsoki diz que é uma nova etapa de desenvolvimento e permite a selecção e recrutamento de jovens para o primeiro emprego na agricultura e outras áreas conexas.

“O projecto também só foi possível graças ao Governo Provincial do Bié, por isso vamos garantir assistência técnica aos jovens que estiverem inseridos no programa”, assegura a representante do BDA.

Londa Nsoki frisa que a aposta do BDA deve-se ao sucesso que o PTF tem tido no projecto do Kariango Kwanza-Sul, sendo que os jovens já estão a fazer o reembolso do capital emprestado .

JOVENS FAZENDEIROS CONTEMPLADOS
Edson Fernando e Matias Sambaca são os jovens que foram complados pelo PTF no Dando. Os fazendeiros terão 250 hectares cada e uma área de produção com 50 hectares numa primeira fase.

Os jovens mostraram-se satisfeitos com a iniciativa do PTF e estão dispostos em pôr em prática todos os conhecimentos que aprenderam quando estavam no instituto superior.

Segundo os contemplados, o projecto vem dar resposta as necessidades dos jovens na província e no país, porque depois de estudar deve-se materializar o que se aprendeu.

Edson Fernando, natural do Bié, 26 anos, fez o curso superior de Agronomia na província do Huambo. Trabalhar no campo sempre foi o seu sonho, porque com esse curso, Agronomia, não se pode ficar em casa. “Estou preparado para trabalhar e manter firme os objectivos do projecto, porque temos que desenvolver o país e a agricultura é uma das vias mais favoráveis”, disse o fazendeiro.

Edson Fernando fez o curso médio no Planalto Central na Cooperação, Organização Não Governamental (ONG) que desenvolve vários projectos agrícolas com o Governo Provincial do Huambo.

Mátias Sambaca, 22 anos, adiantou que está muito satisfeito com o projecto, pelo que espera dar o seu contributo para o desenvolvimento da agricultura em Angola, porque tem solos aráveis.

O fazendeiro fez saber que o trabalho desempenado pelo PTF tem um grande significado, porque temos consciência que vamos trabalhar para o país e futuramente os lucros virão.

PROJECTO COMEÇA A DAR PASSOS
O director do projecto, Edgar Roberto Joaquim, disse que com o lançamento da pedra começa realmente a se pôr em prática tudo o que estava no papel, por isso estamos no terreno para executar.

Com a desmatação, os primeiros passos começam a ser dados, porque é importante frisar que a terraplanagem para manter abertas as vistas já é um facto, porque é sabido que o Bié tem matas muito fechadas.

Roberto Joaquim garantiu que as estruturas de apoio estão a ser montadas e nos próximos dias começa a selecção e recrutamento do pessoal para ocupar os postos de emprego.

AIA garante formação técnica aos fazendeiros

O presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, confirmou na comuna do Dando que o lançamento da pedra para a efectivação do projecto agrícola é réplica do que foi feito no Kariango, Kwanza-Sul, há quatro anos.

O responsável da AIA adiantou que o Projecto Terras do Futuro (PTF) ajudará a integrar as insuficiências produtivas que se registam neste sector a nível do país.

Com o financiamento do Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA), José Severino fez saber que o sector agro-industrial vai ter pernas para andar.

“Com esses projectos agrícolas a funcionar em pleno até 2017, não haverá necessidade de importar cereais, porque o país terá capacidade para produzir”, afirmou o responsável da AIA.

O presidente da AIA disse que é necessário ser auto-suficientes em alguns sectores, uma vez que as condições técnicas e financeiras estão a disposição dos empreendedores.

José Severino afirmou que a redução do imposto industrial para 30 por cento é uma oportunidade para os futuros empresários apostarem em projectos desta natureza.

O responsável da AIA adiantou ainda que se o imposto neste sector baixasse para 28 cento seríamos mais viável, mas é um desafio que pode não se materializar agora.

Os passos que o sector agrícola vai dando no país vão combater as assimetrias e as Micro Pequenas e Médias Empresas (MMPE) terão espaço no mercado.

José Severino garantiu que a AIA está disponível a dar formação aos futuros fazendeiros, de modo que tenham mais capacidade para gerir os seus negócios.

Sebastião Félix na Nhareia