PAPAGRO gera controvérsia no Chinguar
Mulheres camponesas do município de Chinguar dizem que já não querem mais vender a sua produção ao Programa de Aquisição de Produtos Agro-pecuários (PAPAGRO) implantado pelo Ministério do Comércio por causa dos preços que lhes estão ser impostos.Num ambiente quase de revolta, mais de uma dezenas delas disseram em uníssono, a OPAÍS, que o negócio com o PAPAGRO está a levá-las à falência.
“Preferimos vender a nossa batata às pessoas que passam por aqui”, disse dona Joana.
Em causa, segundo os depoimentos colhidos no local, está o facto de os responsáveis do PAPAGRO terem baixado para 60 kwanzas o quilo batata rena contra os anteriores 70 acordados inicialmente. Por seu turno a senhora Nolika Jamba disse que a continuar a vender ao preço imposto não vai conseguir sustentar a sua família.
“ Tenho que pagar o trabalhador e o transporte da batata rena da lavra até aqui e com este preço vou parar aonde.
Disseram que querem combater a pobreza mas não estamos a ver nada disso”, declarou. Dona Maria disse ser aquele o seu único negócio neste momento porque não ter a possibilidade de encontrar um emprego.
“Se houvesse possibilidade eu mudava de emprego mesmo como trabalhadora de limpeza, mas para isso preciso de ter algum familiar lá, para montar o esquema”, disse. A maioria das vendedoras daquele mercado adquirem os produtos na mão de terceiros o que encarece ainda mas o seu preço de venda. Entretanto no local é possível divisar uma barraca completamente vazia e uma estação bancária encerrada alegadamente por não ser o dia de venda.
A administradora do Chinguar, Beatriz Napembe, rejeitou da forma mais categórica que o PAPAGRO estava a criar dificuldades à população, manifestando-se mesmo agastada com algumas sugestões que apontam para a possibilidade de o programa estar à beira de um colapso. Ela disse que todo o processo de venda e compra dos produtos aos camponeses foi previamente acordado com os camponeses interessados não encontrando motivos para a contestação que se assiste. “O PAPAGRO está a funcionar regularmente e tem dias próprios para a venda que é às terças e sextas feiras. Só quando há excedentes é que é permitida a venda nos restantes dias”, garantiu Beatriz Napembe Diniz.
O Programa de Aquisição de Produtos Agro-pecuários (PAPAGRO) foi oficialmente lançado a 5 de Novembro, de 2013 nas províncias do Uíge, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Benguela, Huambo, Bié, Huíla, Cunene e Luanda.O PAPAGRO tem como o propósito contribuir para o aumento do rendimento económico da produção agrícola familiar dos camponeses e de outros produtores. e assegurar o escoamento e comercialização regular, pelos Centros de Logística e Distribuição (CLOD), dos excedentes da produção familiar camponesa, das cooperativas e associações para o escoamento.
Venâncio Rodrigues venancio.rodrigues@opais.co.ao enviado ao Bié
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