Mensagem da Aliança Cooperativa Internacional (ACI)
91º Dia Internacional da Cooperação da ACI • 19º Dia Internacional das Cooperativas da ONU • 6 de Julho de 2013 “A empresa cooperativa mantém-se forte em tempos de crise”O Ano Internacional das Cooperativas, celebrado a 6 de Julho de 2013, tem por tema “A empresa cooperativa mantém-se forte em tempos de crise”. O tema é ainda mais oportuno à luz da situação de outras formas empresariais confrontadas atualmente com as lutas económicas mundiais.
Os modelos empresariais detidos por investidores sofrem hoje uma crise de insustentabilidade económica, social e ambiental, enquanto o modelo cooperativo demonstrou por diversas vezes e de novo uma grande resiliência em tempos de crise.
A crise financeira foi um exemplo épico dos perigos de valorização dos ganhos de curto prazo sobre a viabilidade a longo prazo. A crise global que enfrentámos deriva de um modelo de negócio que põe o retorno financeiro à frente das necessidades humanas; um modelo que procura privatizar ganhos, mas socializando as perdas. Existem provas consideráveis de que uma diversidade de modelos de propriedade contribui para um setor financeiro mais estável no seu conjunto. Ao colocar as necessidades humanas no seu cerne, as cooperativas respondem às crises atuais de sustentabilidade e oferecem-nos uma forma diferente de ‘valor partilhado’. Acresce que o modelo cooperativo não foi vítima do engano que afligiu o modelo capitalista durante mais de vinte anos, que considerou o desempenho financeiro como o indicador central para uma boa empresa. Muito simplesmente, uma cooperativa é uma busca coletiva da sustentabilidade, já que procura «otimizar» resultados para uma gama de partes interessadas, em vez de maximizar benefícios para uma só delas.
Por conseguinte, à medida que a situação endurece, toda a mão de obra, e não apenas uns quantos dirigentes, é vista como vital para o bem estar da cooperativa. Outro domínio em que a população global foi fustigada foi no das práticas, seguido mesmo do encerramento, de numerosos grandes bancos. As instituições consideradas veneráveis, seguras para investimentos e depósitos, afinal eram fracas e mal geridas. As cooperativas financeiras, porém, portaram-se frequentemente melhor. As cooperativas de poupança e crédito e os bancos cooperativos continuaram a crescer, outorgando créditos em especial a pequenas e médias empresas, e mantiveram-se estáveis nas diferentes regiões, criando inclusivamente empregos indiretos. É a sua combinação única de uma propriedade, controlo e distribuição de resultados pelos seus membros, que o elemento chave desta resiliência e garantia de vantagens sobre os seus concorrentes. Porque as cooperativas financeiras representam uma parte surpreendentemente grande do mercado bancário global, é importante conhecer melhor o modelo.
Um recente relatório distribuído pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e escrito pelo Professor Johnston Birchall, examina as cooperativas financeiras desde as suas origens na Alemanha nos anos 1850 até ao movimento global que representam hoje. Birchall explica numa entrevista à OIT como antes da crise, economistas previram que as cooperativas financeiras iriam ser menos eficientes que os bancos propriedade dos seus investidores, já que não remuneravam os seus gestores com ações. Contudo, a crise provou que as cooperativas financeiras arriscaram menos que as sociedades bancárias anónimas, sobretudo porque os seus gestores não receberam parte dos resultados.
“A estabilidade e a aversão ao risco estão inscritas no ADN das cooperativas financeiras. Sendo empresas geram e devem gerar excedentes, mas os seus excedentes convertem-se em reservas que lhes asseguram a força financeira e põem-nas ao abrigo dos problemas que são originados pelas exigências de capital próprio impostas pelos reguladores.”
“Noutras partes do mundo, as cooperativas de poupança e crédito não sofreram perdas em 2008. Não viveram a crise bancária. Continuaram a crescer paulatinamente, com regularidade e sem dramatismo.”
Outra vantagem das cooperativas em tempo de crise deve também não ser esquecida: a sua dimensão social. Numa altura em que as economias encolhem e é colocada pressão sobre os governos para que não diminuam as garantias sociais, as cooperativas oferecem muitas vezes a bóia de salvação. Contribuem para o capital social por formas que as empresas de base acionista o não fazem. As cooperativas desempenham ainda um papel fundamental na prestação de serviços de saúde, que de outra forma seriam fornecidos pelos seguradores privados ou pelo Estado, ou mesmo que nem sequer seriam fornecidos pelos cortes nos orçamentos estatais.
E, claro, não se pode omitir uma grande vantagem das cooperativas de consumo: a capacidade de oferecer ao público custos mais baixos para alimentação e outros bens essenciais – algo de vital numa altura em que os seus salários diminuem ou não existem mesmo.
O Dia Internacional das Cooperativas, 6 de Julho de 2013, dá-nos a oportunidade de refletir sobre tudo o que as cooperativas fizeram nos períodos de menor ou maior prosperidade, e de reiterar o nosso compromisso em garantir que os valores deste modelo empresarial continuam a gerar maior atenção e apoio a nível mundial. É um modelo que funcionou e funcionará sempre.

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