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Portugal

10 de Maio, 2010

Iniciativa cooperativa é solução de emprego

O sector cooperativo foi o que melhor resistiu à crise e foi imune à onda de deslocalização das empresas, que gerou elevado desemprego. São duas razões para apontá-lo como instrumento de combate à pobreza e à exclusão social. O sector "tem características que valorizam a intervenção na área da economia e na área social, com a entre-ajuda e a cooperação das pessoas envolvidas nas cooperativas, cujos interesses não têm em vista o lucro, mas sim actividades em favor da comunidade", explica o presidente da Cooperativa António Sérgio de Economia Social (CASES), Eduardo Graça.

É uma das razões, segundo o presidente da estrutura que sucedeu ao extinto Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo (INSCOOP), pelas quais o sector "não corre o risco de deslocalização" de unidades. "Está provado que, face à crise, o sector cooperativo e social resistiu muito melhor", acentua.

O chamado "terceiro sector" constitui uma das pernas do "tripé" da organização económica estabelecida na Constituição da República Portuguesa, numa "singularidade relativamente à União Europeia": Portugal é talvez o único país que o consagra na sua Lei Fundamental, a par do público e do privado.

Sector subaproveitado
Em Portugal, há perto de três mil cooperativas em actividade. Em 2007 o movimento envolvia cerca de dois milhões de cooperadores - membros das cooperativas - e mais de 51 mil trabalhadores. O ramo da agricultura era o principal, com um milhão de cooperadores e 18 mil trabalhadores, garantindo melhores condições na aquisição de factores de produção e no escoamento das produções.

Já as cooperativas de solidariedade social são um exemplo na resposta social. No mesmo ano, este ramo garantia 8800 trabalhadores.

Eduardo Graça reconhece que o sector está subaproveitado, mas sublinha o seu potencial e faz "um balanço positivo do ponto de vista dos postos de trabalho. Até porque os dados empíricos dão nota de uma grande resistência à crise e de que o emprego é mais sustentável, embora não esteja imune aos efeitos da crise geral". Ramos como o do consumo "sentiram muito fortemente o problema do crédito", observa.

Trata-se de um ramo que sofrera os efeitos erosivos da generalização das grandes superfícies comerciais, mas também é certo que "muitas têm resistido". Em 1999, havia 192 cooperativas de consumo no país; em 2008, volvida uma década, havia 185. Em 2007, este ramo agrupava 242800 cooperadores e 2100 trabalhadores.

Um ramo longe de esgotar o seu potencial é o das cooperativas de produção operária, estruturas nas quais os trabalhadores se juntam para organizarem o seu próprio trabalho e garantir o seu rendimento. Em 1999, havia 107 cooperativas deste tipo; em 2008, o seu número tinha descido para 97.

Já o ramo do artesanato está a crescer. De 46 cooperativas em 1999, passou-se para 61 em 2008. Este é um exemplo de como pequenas unidades (neste caso, agrupam geralmente pelo menos cinco cooperadores) em localidades mais isoladas e deprimidas economicamente.

Empreendedorismo
Pequenos projectos cooperativos poderão beneficiar do programa de microcrédito, envolvendo uma linha de 15 milhões de euros, que vai ser lançado no segundo semestre, no âmbito do Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Economia Social (PADES).

O microcrédito visa "fomentar a criação de emprego e o empreendedorismo", beneficiando, "preferencialmente, desempregados que pretendam desenvolver uma actividade por conta própria," em projectos que necessitem de empréstimos com o limite máximo de 25 mil euros que não consigam obter na banca.


Fonte: Jornal de Notícias
Por: Alfredo Maia