Camacupa quer liderar produção de arroz no país
Município de Camacupa decidiu apostar na produção em grande escala para se tornar nos próximos anos o celeiro de arroz do país O arroz é um dos grãos mais consumidos no mundo e Angola não é excepção. O município de Camacupa, na província do Bié, decidiu apostar na sua produção em grande escala, para se tornar, nos próximos anos, o celeiro de arroz do país. Para atingir esse objectivo, as autoridades municipais, no âmbito do fomento agrícola, têm estado a distribuir sementes aos agricultores. A par disso, os empresários decidiram investir forte na produção de arroz, com a preparação de uma fazenda de 26 mil hectares.António de Carvalho é um dos muitos produtores do arroz que recebeu sementes para o fomento agrícola. Em conversa com o Jornal de Angola, esclarece que possui centenas de hectares de terra preparada para o plantio de arroz. “O nosso município tem boas condições de solo e de clima para o cultivo em grande escala. Os agricultores precisam é de mais apoio financeiro e mercado para escoar o produto”, afirma.
Administradora municipal de Camacupa, Alcida Camateri refere que o município já produz arroz com muita potencialidade e que o objectivo é torná-lo o celeiro deste cereal no país.
O arroz alimenta mais da metade da população mundial, sendo a terceira maior cultura de cereal, superada apenas pelo milho e trigo.
“Além de se adaptar a diferentes condições de solo e clima, apresenta potencial para o combate à fome no nosso município, em particular, e no país, em geral”, diz a administradora municipal. Para o cultivo do arroz é necessário haver água e Camacupa tem rios em abundância, que podem irrigar os campos cultivados.
Actualmente, está em curso, por iniciativa de um empresário, a reabilitação das instalações do Descasque de Arroz para possibilitar o armazenamento do produto que está a ser produzido.
“A tendência é melhorar estas instalações na sua totalidade e fazer com que a produção dos municípios vizinhos encontre o seu descasque aqui”, explica a administradora.
Para um melhor fornecimento de energia ao município vai ser construída uma barragem hidroeléctrica de maior capacidade que a actual.
“A construção da barragem é um assunto que foi entregue ao Ministério da Energia e Água, mas temos a certeza que no próximo ano os trabalhos vão ter início, porque o município é feliz por albergar uma fazenda de produção do arroz, milho e feijão, que necessita da barragem em funcionamento”, explica.
Município avança
Graças ao Programa de Reconstrução Nacional, a vida dos munícipes de Camacupa tem vindo a mudar paulatinamente, com a reabilitação e construção de infra-estruturas sociais, como postos e centros de saúde, escolas nas aldeias e sedes comunais, casas para a juventude e quadros indicados para trabalhar no município.
“Neste momento, está em reabilitação o hospital municipal. Quando os trabalhos terminarem, vai prestar melhor assistência aos doentes”, diz com satisfação a administradora, acrescentando que estão ainda em obras duas escolas de seis salas em duas comunas.
Actualmente, garantem o normal funcionamento do sistema educativo em Camacupa 191 estabelecimentos do ensino primário, dez do primeiro ciclo e duas do segundo ciclo, para 86.657 alunos.
O chefe de repartição municipal da educação, Agostinho Chivango, explica que este número de alunos está dividido em 79.691 para o ensino primário, 5.901 no primeiro ciclo e 1.065 no segundo ciclo. “Temos 1.700 professores a leccionarem nessas escolas no presente ano lectivo”, diz, apesar de reconhecer que ainda há crianças sem estudar no município.
O quadro é animador, mas considera que não satisfaz na sua globalidade, uma vez que existem ainda algumas localidades onde o número de professores é insuficiente. As autoridades locais aguardam que o município venha a beneficiar de um número maior de professores, depois do concurso público realizado recentemente na província.
Para Agostinho Chivango, Camacupa devia ter ensino superior, tendo em conta o número de alunos que termina o nível médio, mas não alimenta falsas expectativas por considerar que faltam infra-estruturas e recursos humanos para avançar para esse nível.
“Almejamos por um pólo universitário, mas temos de partir do princípio que para isso temos de ter recursos humanos, técnicos superiores em condições de dar aulas no nosso município. Além disso, não temos infra-estruturas para poder servir o sistema superior”, reconhece Agostinho Chivango.
Apesar do cenário sombrio em relação a esta matéria, o chefe da repartição municipal da Educação diz existirem boas perspectivas para o alargamento da rede escolar, que passa necessariamente pela ampliação de infra-estruturas e recrutamento de novos professores.
Agostinho Chivango faz igualmente uma avaliação positiva do sector da educação nos últimos quatros anos, devido ao aumento de estabelecimento de ensino, do número de crianças que entraram para as escolas e de professores. “Vamos receber mais quatro escolas que foram construídas pela administração. Em função disso, temos a dizer que há aumento de estabelecimentos escolares, há aumento da afluência de alunos nas escolas e portanto há progressos significativos neste sector”.
Instituto Médio Politécnico
Desde 2009, funciona no município um Instituto Médio Politécnico que, no ano passado, pôs no mercado de trabalho os primeiros 133 finalistas, sendo 100 dos cursos médios de técnicos de energia e instalações eléctricas, obras de construção civil, desenhador projectista, máquinas e motores e informática, e 33 da formação profissional básica, nos cursos de operador de informática e de auxiliar de construção civil/pedreiro.
“É de louvar este projecto do Ministério da Educação porque no passado foi sempre difícil termos um electricista, mecânico, técnico formado em informática. O município de Camacupa já não tem necessidade de recorrer a técnicos do Cuito”, diz o director-geral do Instituto Médio Politécnico, Manuel Zeca Poli.
No presente ano lectivo, estão inscritos 523 alunos, distribuídos por 21 turmas, das quais 19 para a formação média técnica e duas da formação profissional básica.
“Segundo o projecto do Ministério da Educação, devíamos ter 1.080 alunos”, esclarece.
A fraca adesão à instituição deve-se, por um lado, à falta de alojamento para os alunos oriundos de locais distantes, e por outro, à falta de docentes.
“Precisamos de professores para as disciplinas dos cursos técnicos, tecnológicos e práticos”, afirma, lamentando também o desinteresse da juventude pelo curso de obras de construção civil.
“A nossa juventude só pensa em conseguir um emprego na função pública. Por isso, preferem ir para a escola de formação de professores e não para o Instituto Médio Politécnico. É necessário explicar à nossa juventude que a formação técnica profissional tem futuro, com a reabilitação do pólo industrial da província do Bié”, explica o director-geral do Instituto Médio Politécnico.
A instituição possui dez laboratórios em funcionamento e aguarda pela abertura do laboratório de máquinas e motores.
Centro cultural e BUE
No município de Camacupa está igualmente em construção um centro cultural com capacidade para 400 pessoas, que vai servir para ocupar os temos livres da juventude. O centro vai ter uma sala de informática e também uma biblioteca. “Com a união de todos e no amor à pátria, temos noção que estamos a ver Camacupa melhor que antes”, sublinha a administradora municipal.
Os jovens criadores e empreendedores não foram esquecidos e foi inaugurado recentemente um Balcão Único do Empreendedor (BUE), através do qual podem ter acesso a financiamentos para os seus projectos.
Cândido Caila, 30 anos, é marceneiro e sempre teve dificuldades em expandir o seu negócio. A abertura do BUE em Camacupa dá-lhe a oportunidade, não só expandir o negócio, mais também de criar mais postos de trabalhos para muitos jovens.
“Herdei esta marcenaria do meu falecido pai, mas sempre tive dificuldades em a expandir e rentabilizar por problemas financeiros. Hoje, com a abertura do BUE, penso que o meu problema de financiamento vai acabar”, explica.
fonte: Jornal de Angola Online
fotografia: Kindala Manuel | Camacupa
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