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Notícias

Moçambique

30 de Março, 2012

5% da população moçambicana estão ligados ao cooperativismo

O presidente da República, Armando Guebuza, lançou, esta semana, o Ano Internacional das Cooperativas em Moçambique, proclamado pela Organização das Nações Unidas em 2009. Os números indicam que a actividade assume-se como de grande importância para o desenvolvimento sócio-económico, ao envolver um quinto da população moçambicana.

Cerca de um milhão de moçambicanos – perto de 5% da população global – está a exercer a actividade produtiva dentro de movimentos cooperativistas espalhados pelo país, o que confere àquelas entidades peso significativo enquanto actores de desenvolvimento económico e social e de combate à pobreza. São no total 2 234 cooperativas a nível nacional, que congregam 165 membros, ao nível da Associação Moçambicana de Promoção do Cooperativismo Moderno (AMPCM).
Ainda não é possível quantificar o peso da actividade das cooperativas no Produto Interno Bruto (PIB), mas estes números – que foram tornados públicos esta semana, pela AMPCM, por ocasião do lançamento do Ano Internacional das Cooperativas, pelo Presidente da República, Armando Guebuza – mostram que esta prática constitui vector importante para o desenvolvimento económico do país. Aliás, o Presidente da República, na sua intervenção, começou por reconhecer o peso da actividade das cooperativas para o desenvolvimento do país, ao afirmar que “as cooperativas desempenham um papel importante no desenvolvimento das sociedades e são uma alternativa organizativa e institucional que permite agregar os interesses de indivíduos e orientá-los para a solução de problemas consensualmente identificados por um colectivo”.

De acordo com o presidente da AMPCM, Momed Rafico, as cooperativas são fortes pela capacidade de tornar possível a realização dos planos de produção dos seus membros, que não seria possível realizar individualmente, ou seja, as pessoas juntam-se em cooperativas para facilitarem o acesso ao financiamento, a infra-estruturas, ao mercado para a colocação de produtos, entre outros factores, consoante a área de actividade.

“A expressão ‘a união faz a força’ cristaliza-se como capital e a fórmula ‘salve-se quem puder’ é repudiada, por palavras e actos”, disse o Presidente da República, para elucidar a principal característica de uma cooperativa.

As cooperativas acomodam, simultaneamente, objectivos sociais, perseguindo o bem-estar dos seus membros (característica das associações) e lucrativos (carácter empresarial).

A AMPCM indica que em Moçambique as cooperativas actuam, fundamentalmente, em sete áreas de actividade, nomeadamente, agro-pecuária, saúde, crédito, produção industrial, trabalho, consumo e habitação.

Apoio do executivo e privados
Em reconhecimento do contributo das cooperativas no desenvolvimento sócio-económico do país, este modelo de actividade têm beneficiado de apoio tanto público quanto privado.

Sobre as acções concretas do executivo no apoio ao fomento das cooperativas, o secretário permanente do Ministério da Planificação e Desenvolvimento, Salim Valá, disse que contributo está contido no plano político de combate à pobreza. “O Governo utiliza um eixo estratégico de apoio ao movimento cooperativo ou associativo para complementar as acções de combate à pobreza. Uma orientação de âmbito político direcciona-se para as cooperativas no domínio da agricultura, Pequenas e Médias Empresas (PME), pescas, jovens, mulheres, entre outras, plasmadas na Estratégia de Desenvolvimento Rural de 2007.

Ainda de acordo com Valá, o apoio prestado às cooperativas também provém de entidades privadas. “É bem verdade que um dos focos de estímulo à actividade provém das micro e pequenas empresas que não têm grande poder financeiro, baseando-se em valores como a solidariedade e união, mas com grande impacto na criação de capital, progresso e desenvolvimento humano.

Ainda sobre o apoio às cooperativas, a AMPCM considera que a aprovação da nova lei das cooperativas, em 2009, representa contributo importante para a facilitação das suas actividades. A antiga lei foi substituída por ter sido aprovada para acomodar os objectivos do regime socialista seguido por Moçambique logo após a independência, estando desajustada da actual economia de mercado. O regulamento aguarda aprovação do Governo. 

Um desafio
O secretário permanente do Ministério da Planificação e Desenvolvimento apela à atenção às actividades das cooperativas no âmbito urbano, como vector de combate à pobreza urbana. No meio urbano, associações como a de limpadores de carros, de engraxadores de sapatos, taxistas, carpinteiros, entre outros, podem sustentabilizar a sua produção e melhorarem as suas condições de trabalho e de vida, revelou Salim Valá.


Fonte: Jornal O País online (Moçambique)